Quando entrei no Palácio de Versalhes pela primeira – e única vez -, a primeira coisa que me veio a cabeça foi: quem foi que construiu essa belezura? Maria Antonieta teve sorte de morar num lugar tão bonito quanto esse.
Imagina se hoje em dia algum ser tem a paciência, vontade e principalmente habilidade pra construir um edifício tão lindo, gigante e cheio de detalhes. Acho que podemos esquecer, nunca mais teremos obras assim. Mas felizmente existem muitas outras por esse mundo pra gente poder visitar e o Palácio de Versalhes é um exemplar magnífico.
E por falar na rainha, o quarto de Maria Antonieta foi recentemente reformado e reaberto para visitação. Como essa é uma parte bem famosa do Palácio de Versalhes, vamos detalhar os quatro cômodos que compõem os apartamentos da rainha e depois daremos um panorama geral do Palácio para você aproveitar bastante a sua visita.
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Desde 2016 uma parte importante do Palácio de Versalhes estava fechada, os apartamentos da Rainha. O local de maior prestígio dessa parte é o quarto de Maria Antonieta, que desperta curiosidade nos visitantes já que Maria Antonieta era conhecida por sua extravagância. Mas na época em que o Palácio estava em seu auge chegar no quarto de Maria Antonieta não era tarefa fácil.
Para conseguir entrar no quarto os membros do Palácio de Versalhes tinham que passar primeiro pela Sala da Guarda da Rainha, em seguida pela Sala de Banquetes, pela Antesala e só assim chegavam ao quarto de Maria Antonieta. Hoje a visitação é invertida, conhecemos as coisas de trás para frente, mas como etiqueta era de grande importância na frança daquela época vamos seguir os ritos.
Essa é a única sala que mantém a decoração do século XVII já que Maria Antonieta passava pouco tempo por aqui e não quis deixar seu toque pessoal. Esta Sala fica logo no final de uma imponente escadaria de mármore, também chamada de Escadaria da Rainha.
Aqui ficavam doze guardas para fazer a segurança de Maria Antonieta e não deixar que pessoas indesejadas chegassem até o quarto da Rainha.
Um dos episódios que aconteceu durante a Revolução Francesa foi a invasão do Palácio de Versalhes por manifestantes que não tinham o que comer, em 6 de outubro de 1789. Se não houvesse a Sala da Guarda, Maria Antonieta teria se dado mal muito antes de ser condenada à guilhotina. Uma de suas ajudantes conseguiu trancar as portas enquanto a guarda continha os manifestantes e Maria Antonieta fugiu para os aposentos do Rei.
A sala de banquetes era utilizada pelos reis para uma exuberante cerimônia pública onde os espectadores apenas assistiam a nobreza comer. Eles deviam passar bastante vontade.
A frequência dos banquetes era definida por cada monarca. Maria Antonieta e Luís XVI comiam nessa sala uma vez por semana. Nem na hora de comer os franceses davam trégua para Maria Antonieta. A rainha comia sem tirar as luvas e sem desdobrar seu guardanapo, ao contrário do rei que comia com vontade. Por esse motivo diziam que ela cometia um grande erro, já que a realidade na França era de fome.
Essa sala foi muito utilizada pela rainha Marie Leszczyńska para bater papo com outras senhoras da corte, o que era conhecido como o Círculo. Rodinhas de fofoca existiam fortes naquela época.
Como era de se esperar Maria Antonieta deixou sua marca nessa sala, redecorando praticamente tudo. Ela não gostava do estilo do rei Luís XIV e só preservou o teto, o que foi muito acertado da parte dela pois é lindíssimo. Tudo foi remodelado, dos móveis a lareira, que tem um bonito mármore azul.
Esse é o local de maior importância e onde a rainha passava grande parte de seu tempo. Aqui ela dormia, geralmente com o rei, e onde acontecia a cerimônia da manhã, com estritas regras de etiqueta para a “higiene” pessoal de Maria Antonieta.
Antes dela, passaram pelo quarto de Maria Antonieta também as rainhas Maria Teresa, esposa de Luís XIV e a primeira a ocupar os aposentos e Marie Leszczyńska. As duas deixaram um pouco de sua influência na decoração do quarto. Outra curiosidade é que esse quarto foi testemunha da morte dessas duas rainhas e também do nascimento de 19 príncipes e princesas, que acontecia em uma cerimônia pública. Já pensou dar a luz a uma criança com vários membros da corte assistindo? Será que hoje em dia seria uma live no Instagram?
Se você é como a maioria dos turistas não vai alugar carro, portanto a forma mais fácil de chegar ao Palácio de Versalhes é usando o trem. A partir de Paris você terá que pegar o trem RER C sentido Versailles Rive-Gauche que passa em várias estações. Nós pegamos na estação Champs de Mars – Tour Eiffel, que fica bem próxima a torre Eiffel. Tome cuidado para pegar o trem correto, que está escrito C5. Os outros trens param em estações mais distantes do Palácio de Versalhes. Por ser um trem expresso, com menos paradas, o trajeto todo leva em torno de 30 minutos. Ao sair da estação é só seguir caminhando para o lado direito até chegar aos lindíssimos portões dourados do Palácio de Versalhes.
Você também poderá fazer esse trajeto de carro, mas o tempo aproximado será o mesmo. Outra opção é pegar um ônibus, mas só serve para quem estiver hospedado no bairro de Bolougne-Billancourt pois o ônibus 171 fica bem próximo da estação Pont de Sèvres. Se você tiver que pegar um metrô até essa estação compensa mais pegar o trem RER C até o Palácio de Versalhes.
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Para entrar no Palácio de Versalhes você terá que primeiro que escolher seu tipo de ingresso. Existe a opção mais básica que custa 18 euros e te dá acesso apenas ao Palácio, sem os domínios de Maria Antonieta. Existem outras opções que incluem os domínios, fura fila e alguns tours guiados que elevam o preço do ingresso até 62 euros. Jovens com menos de 18 anos têm entrada grátis. Todos os ingressos, inclusive o mais básico, dão direito a um áudio guia. Caso você não queira ficar na fila esperando pelo seu áudio guia, existe a opção de baixar o aplicativo do Palácio de Versalhes no seu celular. Infelizmente os áudios são apenas em francês e inglês. Eu aconselho que você compre o ingresso que incluem os Domínios de Maria Antonieta pois apesar de ser menos suntuoso que o grande Palácio, não deixa de ser lindo.
Já na entrada você encontra a Capela do Palácio, que infelizmente não é aberta para visitação, mas você pode dar um espiadinha pela porta que fica aberta. Já dá pra ficar encantado com a beleza do lugar. O que me chamou a atenção foi o altar dourado sob um teto cuidadosamente pintado. É de ficar de boca aberta! Seguindo pelo térreo você vai conhecer um pouco da história do Palácio de Versalhes e ver na maquete como ele é enorme, com seus 8,2 km².
A parte mais esperada de Versalhes fica no andar superior, onde estão os grandes apartamentos, quartos dos reis e rainhas. Muito da decoração que se vê hoje foi encomendada por Maria Antonieta que era esposa de Luís XVI. Ela era austríaca, foi odiada pelos franceses e acabou guilhotinada em 1793 (durante a revolução francesa).
Conhece aquela frase “Se o povo não tem pão, que coma brioches”? Sim, foi ela quem disse isso, ou pelo menos atribuem a frase à ela. Mas momentos históricos a parte, seu trabalho como decoradora do castelo foi muito bem feito. É impossível descrever em detalhes cada um dos cômodos. Eles são decorados do chão ao teto e você fica meio sem saber pra onde olhar.
Quando você acha que não nada mais pode te surpreender você entra na sala seguinte e fica embasbacado com tanta riqueza. As fotos colocadas aqui não traduzem a realidade, ou seja, vá e veja ao vivo que é bem melhor. A galeria dos espelhos que liga os quartos do rei e da rainha é surreal. Imagino as altas festas que rolavam por lá no século XVIII.
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O que se destaca nos jardins são os canteiros imitando bordados (chamados de parterre de broderie) e o Grande Canal. Os canteiros imitando bordados eram feitos exclusivamente com gramado, gerando inúmeros arabescos, por vezes simétricos, que criavam desenhos lindos na frente do edifício.
Saindo do palácio principal você chega aos enormes jardins projetados por André Le Nôtre. Esse jardineiro, a mando do rei Luís XIV, projetou e executou os jardins que levaram 25 anos para ficaram do jeito que conhecemos hoje. Le Nôtre trabalhou em Versalhes de 1661 até 1700.
O Grand Canal também impressiona quem sai do Palácio e olha para os jardins. De cima das escadarias ele até parece grande, mas a perspectiva não te deixa perceber que o canal tem mais de um quilômetro de extensão. Na verdade ele mede um quilômetro e meio por sessenta e dois metros de largura. O mais legal é que a medida que você vai caminhando pelos jardins a perspectiva muda e você vai enxergando o canal de forma diferente a cada passo.
A direita do grande canal fica a parte mais bucólica do Palácio de Versalhes, o Grand e o Petit Trianon, palácios menores mas igualmente bonitos que ficam disponíveis para visitação após às 12h. O Petit Trianon e os jardins a sua volta são conhecidos como Domínios de Maria Antonieta, lugar que Luís XVI ofereceu o lugar de presente a esposa.
Além dos dois palácios menores há uma série de jardins e até uma fazenda. Não demos sorte e no dia que fomos começou a chover. Não pudemos apreciar muito a parte de fora que dizem ser muito bonita.
O Grand Trianon é o palácio mais suntuoso. Ele é todo térreo, coberto de mármore rosa e amarelo e influenciado pela arquitetura italiana. Foi construído por Luís XIV para ter um local de descanso da loucura da corte de Versalhes. Pro “cara” construir um outro Palácio no mesmo “terreno”, a poucos quilômetros do principal a vida dentro de Versalhes devia ser meio doida né?
Para um Palácio que foi construído para ser mais intimista o Grand Trianon é bem luxuoso. Ele já serviu de residência para o os presidentes franceses e apesar de estar cheio de quadros retratando Maria Antonieta, esse não era o Palácio preferido dela. A rainha gostava mais do Petit Trianon
Esse outro palácio foi finalizado em 1768 a pedido de Luis XV. O rei era um amante das plantas e pediu que construíssem o edifício para que pudesse apreciar de perto sua paixão pelos jardins. O palácio em estilo neoclássico é o mais simples dos três, mas isso não significa que seja menos interessante.
Maria Antonieta não se dava muito bem com a corte que vivia no Palácio de Versalhes, então grande parte dos dezenove anos que a rainha viveu por lá ela passou no Petit Trianon. Os aposentos são obviamente muito bem decorados, já que Maria Antonieta era conhecida pelas suas extravagâncias. Uma curiosidade que encontrei sobre ela dizia que ela nunca usada o mesmo vestido mais de uma vez. Será?
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Os domínios de Maria Antonieta se estendem para além do Trianon. Maria Antonieta chegou a pedir a construção de uma casa simples, com ares de fazenda. A aldeia e casa da rainha (Hameau e maison de la reine) eram um sonho da rainha que queria ficar mais perto da natureza.
Ao contrário dos jardins projetados do palácio principal ela queria aqui a vida real, com mato, pedras, animais e trabalhadores rurais. O que o dinheiro não faz né? Infelizmente a gente não conseguiu explorar muito essa parte pois começou a chover, mas pelo pouco que vimos vale a pena passar um tempo por ali.
Ah! Além da chuva que estragou o passeio, encontramos no Palácio de Versalhes o único francês mal educado da nossa viagem para a França. Era um funcionário que alugava carrinhos elétricos. Fui perguntar qual era o valor e como funcionava e ele com muita má vontade me mandou ler a placa que estava mais a frente. Custava me responder? Fiquei brava e voltamos caminhando na chuva mesmo.
Um abraço e muitas viagens!!
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Ingressos: podem ser comprados no site do Palácio. Os preços variam de 18 euros a 62 euros, dependendo do que você quer visitar e se vai ou não participar de tours guiados.
Endereço: Place d’Armes, 78000 Versailles
Como chegar: pegue o trem RER C sentido Versailles Rive-Gauche. Para ver os horários e estações entre no site da RATP
Horário de Funcionamento: de terça a domingo das 09h às 18h30. A parte do Trianon abre apenas a partir das 12h.
Quanto tempo dura o passeio: depende do que você quer visitar, mas separe pelo menos meio dia para conhecer. Se for ao Trianon e Domínio de Maria Antonieta você pode passar o dia todo lá.
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