Vale do Sul – Cusco

Nosso último dia em Cusco foi dedicado a conhecer o Vale do Sul e já deixo aqui a minha sugestão: caso você esteja planejando a sua viagem coloque essa visita logo nos primeiros dias. O Vale do Sul é interessante, mas fica um pouco ofuscado pela beleza dos outros lugares. Se você começar por ele, ainda sem base de comparação, talvez aproveite melhor o passeio.

O passeio do Vale Sul sai entre 09h e 10h da manhã e passa por Tipón, Oropesa, Pikillaqta, Andahuaylillas e Saylla (para o almoço). Essa foi a configuração da agência que a gente contratou, que foi a Jenly Tours Peru (+51 984 609026) Felipe. Por ser um passeio que eles consideram de meio dia não está incluído nem café da manhã nem o almoço. Você já deve sair de Cusco com o café tomado e na volta até existe uma parada para o almoço, mas ele é pago a parte.

Logo na saída de Cusco a gente percebeu que o dia estava animado, isso porque era dia 07 de outubro, quando eles celebram a Virgem do Rosário com procissões e danças. Um fato curioso que observamos em Cusco é que eles sempre estão celebrando alguma coisa. Nesses 10 dias que passamos por lá vimos vários eventos acontecendo. Não sei se outubro é um mês que reúne muitas datas comemorativas ou se eles são realmente um povo que gosta de celebrar.

Vale do Sul – Típon

Galeria Turística de Típon

Nossa primeira parada do passeio do Vale do Sul foi em Típon. Antes de subir para o sítio arqueológico nosso guia nos levou em uma pequena galeria com as fotos do

‘descobrimento” de Machu Picchu. Ali nós tivemos uma outra versão da história, um pouco diferente da contada por Hiram Bingham. Machu Picchu não era um local completamente desabitado, moravam ali três famílias que não foram ambora pacificamente, como descrito no livro A cidade perdida dos Incas. Essas famílias foram expulsas depois do incêndio que Hiram provocou para limpar o local, que estava coberto pela mata. Esse incêndio teria também, danificado algumas estruturas que ainda estavam em pé quando o explorador da universidade de Yale chegou.

GAleria em Típon

Outra questão que não agrada aos peruanos é saber que Augustin Lizarraga não teve tanto reconhecimento quanto Hiram. Ele chegou a Machu Picchu cidade em 1902, fez uma marcação no Templo das 3 janelas e inclusive reportou uma Universidade de Cusco sobre a descoberta. Nas publicações que ganharam o mundo depois da chegada de Hiram por lá ele foi citado brevemente em uma primeira publicação e marcação que tinha feito no templo das 3 janelas foi removida.

Foi interessante ter essa outra visão e ver as fotos antigas. Depois da apresentação e de comer umas empanadas, que estavam deliciosas, nós seguimos para o sítio arqueológico de Típon.

Sítio Arqueológico de Típon

Você pode acessar Típon com o boleto turístico integral de Cusco, que custava 130 soles em outubro de 2024. Ele te dá acesso a 16 atrações turísticas.

Típon é conhecido também como o Templo das Águas porque os Incas testaram aqui muitas das suas ideias para transportar a água de um lugar para outro. Eles eram realmente ótimos engenheiros hidráulicos pois a água continua a fluir corretamente mesmo hoje, vários anos depois.

Vale do Sul Típon

Como estávamos com um grupo e o guia não tivemos tempo para explorar cada canto de Típon e apenas focamos na parte principal, que são os terraços e a fonte de água. Ainda existem estruturam parecidas com fortalezas que ficam na parte de cima e que ,provavelmente, teriam uma boa visão do sítio como um todo, mas não chegamos a subir até lá.

Os Incas estudaram diversas formas de fazer com que a água fosse disponibilizada da melhor maneira, correndo lentamente onde era preciso e com mais velocidade em alguns lugares. Em Típon foram usadas mais de 40 formas diferentes de canais para conduzir a água, incluindo cachoeiras com degraus e canais em zigzag.

Ali eles também testavam formas de travar os canais para irrigar os terraços de agricultura, quando necessário. Depois eles liberavam a passagem da água e tudo voltava ao normal.

Vale do Sul Típon

O impressionante foi ver a água correndo em abundância por todos esses canais e depois conhecer a fonte de toda essa água, que mais parece um espelho d’água pequeno e  imóvel. A água que chega até ali vem de uma montanha nevada que fica a aproximadamente 8 quilômetros de distância chamada Pahcatusan.

Típon também servia como local para cerimônias religiosas e de cura, relacionadas a água sagrada que vinha das montanhas. Do lado direito dos terraços havia um trono, parecido com uma banheira, onde esses rituais de cura do Sapa Inca eram celebrados.

Um lugar interessante de conhecer e que talvez merecesse um pouco mais de tempo para a exploração, mas “caroneiro” nas dita as regras, então seguimos com o grupo para a próxima parada que foi nas padarias famosas de Oropesa.

Oropesa

É impossível passar pela cidade de Oropesa e não ver os peruanos balançando sacolas na ponta de varas de madeira. Essa é a forma que eles têm de tentar chamar a atenção para a sua panificadora dentre as dezenas que existem ao longo de poucos quilômetros.

No dia anterior, quando fomos para a montanha colorida, que você pode ler aqui, o Diego tinha me perguntado se eu tinha reparado no tamanho dos fornos de pão que tinha por ali. Eu não tinha visto, mas tivemos a oportunidade de ver de perto nessa visita.

Uma parada nas panificadoras de Oropesa fazia parte do nosso roteiro e conhecemos a Ermita. O pão de Oropesa, ou pão chuta, tem o formato redondo, como uma pizza, mas com massa bem mais espessa. Eu confesso que não achei tão gostoso o que provei em Cusco e como era nosso último dia no Peru acabamos não nos empolgando para comprar e experimentar de novo, até porque o tamanho do pão faz jus ao tamanho do forno. É bem grande!

Pão chuta de Oropesa

O pão chuta de Oropesa é para os peruanos assim como o Pastel de Nata de Belém é para os portugueses. Você pode tentar fazer em outro lugar, mas o sabor não será o mesmo. Além de usar eucalipto nos fornos os Oropesinos usam no pão chuta a água que vem da montanha Pachatusan, lembra dela? É essa montanha que supre de água o templo de Típon. Pachatusan é uma montanha sagrada da cultura andina e seu nome significa sustentador do mundo. Quer ingrediente melhor para um pão do que a água sagrada vinda do monte que se chama sustentador do mundo?  

A Panificador Ermita, que nós visitamos, tem 3 sabores de pão. Uma massa branca, uma marmorizada, mistura do pão branco com chocolate e o pão de chocolate. O forno é enorme e dentro dele cabem cinquenta pães que demoram 40 minutos para assar.

Vale do Sul – Pikillaqta

Depois de conhecido o processo de confecção do pão chuta de Oropesa seguimos viagem para um sítio arqueológico pré Inka chamado Pikillaqta, que significa cidade pequena. Ela fica bem próxima de um vale e lá de cima é possível ver a água turquesa da Laguna Huacarpay.

Quem construiu Pikillaqta foi o povo Wari, que viveu por ali por volta do século VII. A cidade é distribuída em 5 setores e as casas eram feitas de argila, sendo que os templos ou casas de nobres tinham as paredes internas revestidas de gesso que vinha das montanhas ao redor.

Me pareceu que esse sítio arqueológico tinha mais semelhança com as cidades que temos hoje do que os sítios Inkas, pois era mais plano em com quadras bem definidas. As casas de Pikillaqta chegavam a ter 2 andares eo guia nos disse que a cidade é maior que Machu Picchu, tendo aproximadamente 2 quilômetros quadrados.

Os Wari deixaram a cidade antes mesmo da chegada dos Inkas, voltando para a sua região de origem, Ayacucho. A cidade de Pikillaqta sofreu diversos abalos sísmicos, o que acabou fazendo com que muitas casas fossem encobertas ao longo dos anos. Como a descoberta da cidade é recente, aconteceu na década de 60, muitas estruturas ainda não foram reveladas e sempre há pessoas trabalhando na reconstrução das casas.

Como visitamos com o grupo não tivemos a oportunidade de passear por tudo, cada parada durava apenas os minutos necessários para o guia nos dar uma breve explicação. Não é a nossa forma preferida de conhecer os lugares, mas foi o que tinha para o momento.

Vale do Sul Pikillaqta
Site de finanças por bruna odppes

Saylla – Chicharrón

Antes de seguir rumo a Andahuaylillas paramos para almoçar na cidade de Saylla, que é uma região conhecida pelos restaurantes. Essa refeição não estava incluída no passeio e pagamos 60 soles por 2 almoços, 1 Inka Cola e 1 cerveja.

O prato que nós escolhemos foi o famoso Chicharrón peruano, uma carne de porco cozida e depois frita. O restaurante era bem simples, mas a comida estava boa. O acompanhamento do Chicharrón era batata, cebola e milho. Na saída fiquei impressionada com o tamanho do torresmo que estava exposto na vitrine de rua.

Vale do Sul Cusco Saylla

Vale do Sul – Andahuaylillas

Última parada do Vale do Sul antes de voltar a Cusco foi a cidade de Andahuaylillas. Eu não tinha feito a minha lição de casa direito então por mais que tivesse escutado que a Igreja de San Pedro, construída no final do século 16 pela Ordem dos Jesuítas, é conhecida como a Capela Sistina da América não comprei o ingresso para visitar o interior. Olhando imagens depois na internet eu até gostaria de ter entrado, mas não me arrependo de não ter ido porque tivemos uma boa experiência na parte de fora também.

Vale do Sul Andahuaylillas

Por ser dia da Virgem do Rosário havia uma celebração muito bonita do lado de fora. Eu não conhecia a dança, mas procurando sobre ela depois da viagem acho que se chama contradança e é uma tradição europeia replicada no Peru.

Além dos dançarinos existem outros personagens na Contradança, mais teatrais. O principal é o Caporal (ou Majtillo) que é uma sátira ao europeu. Ele usa uma máscara com um enorme nariz e um rosto caricato. Suas roupas são luxuosas e é ele quem comanda a festa.

Outros personagens interagem com o público e também com o Caporal, tornando a dança mais cênica e com pitadas de zombaria. Um desses personagens é conhecido como Awki ou Vellaco (o Velho ou o Bobo) e o outro eu não consegui identificar. Se alguém souber deixa aqui nós comentários.

Essa dança tão colorida e divertida me hipnotizou por alguns minutos e se eu tivesse comprado o ingresso para entrar na igreja teria perdido grande parte dessa festa.

E se você já foi ao Vale do Sul ou tá pensando em ir, me conta aqui nos comentários o que você achou.

Um abraço e muitas viagens!
Bruna

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