Tô pra dizer pra vocês que a estrada que leva até a Serra da Estrela é uma das mais bonitas pelas quais nós já passamos. Bonita mas ordinária. Havia momentos em que lembrava daquele programa “Estradas Mortais” e torcia para que não viesse nenhum carro no sentido contrário. Se isso acontecesse um de nós ia ter que enfrentar o penhasco.
Nós saímos de Évora cedinho em direção a vila de Piódão, já falei sobre ela nesse post aqui. A distância entre as duas “cidades” é de aproximadamente 300 km e tem muita emoção no caminho. Não sei dizer em que parte do caminho começamos a subir, mas sei que não parava mais. A Serra da Estrela é o ponto mais alto de Portugal e por isso eles aproveitam para instalar na região gigantes cataventos (aerogeradores) que captam a força do vento. Eu nuca tinha visto tanto catavento junto na minha vida. São tantos, e eles estão espalhados por tantas colinas, que tem horas que parece que você está dando voltas no mesmo lugar e vendo a mesma coisa.
Como eu já disse, a rota que nós fizemos era linda, mas um pouco perigosa. Em alguns trechos a estrada era tão estreita e tão cheia de curvas que era difícil não ficar tenso. Dava até um frio na barriga de pensar em outro carro vindo na contramão, mas felizmente não tivemos esse azar. Perto da hora do almoço chegamos a Piódão, que realmente parece um presépio montado na encosta. A vila é pequena e você consegue explorá-la inteira em pouco tempo, mas se quiser ver a magia do lugar tem que ficar até o anoitecer. Pelo menos foi isso que uma velha moradora nos disse. Eu acredito que ver as casas iluminadas de cima do morro deve ser realmente mágico. Nós não pudemos ficar, então depois de andarmos por tudo conhecemos o museu e partimos rumo a Torre.
Torre é o ponto mais alto do país com1993 m de altitude. O caminho até lá continua interessante, mas a paisagem muda para paredões de rocha mais abertos e a estrada é dupla, para minha alegria. Não há muito o que fazer por lá fora do inverno além de apreciar a belíssima paisagem. O local estava bem abandonado, com apenas um barracão aberto com barracas que vendiam de pantufa a presunto. Esse é o único lugar onde neva em Portugal. Durante o inverno, funciona aqui, uma estação de esqui. Prepare-se para o frio. Nós fomos num dia ensolarado de outono e o vento era de cortar.
Já estava ficando tarde então fomos para nossa última parada naquele dia, a cidadezinha de Manteigas. Mais uma vez fique de olhos bem abertos para apreciar o caminho. Seguindo pela N339 você encontrará no meio do caminho a Nossa Senhora da Boa Estrela. Essa imagem foi esculpida na pedra em 1946 para homenagear a santa protetora dos pastores da região. Serão mais alguns quilômetros pela N338 até chegar em Manteigas. Não há nada de muito turístico por ali. O hotel que ficamos me lembrou casa de vó. Há alguns restaurantes e uma pizzaria, mas não espere nada muito elaborado.
Na manhã seguinte partimos em busca do Covão do Conchos. Vimos esse lugar em um vídeo feito por um drone e achamos muito interessante. O Covão dos Conchos fica perto da Barragem Marques da Silva. Estacione o carro ali e se prepare para a caminhada. São 10km, ida e volta, que tomarão aproximadamente 2h30m do seu tempo. A caminhada é relativamente simples. Em alguns lugares há bastante pedras soltas, mas nada que seja um problema. Não há sinalização no caminho, mas é só seguir a trilha que ela te levará ao Covão dos Conchos.
Para chegar ao sumidouro a coisa fica um pouco mais difícil. Sem atravessar a barragem você não conseguirá enxergá-lo. Atravesse as duas barragens, suba o morro de pedras e tcharammm, ele estará lá. Para nossa decepção o nível de água estava baixo e por isso a água não escorria. A gente não tem como prever tudo né? Mas a caminhada valeu a pena e o lugar é bonito mesmo assim. Se o Covão dos Conchos não estiver do jeito que você pensou, pelo menos a lagoa comprida te proporcionará uma bela foto de recordação.
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