Nosso segundo dia em Coimbra começou com sol e com minha garganta ainda incomodando. O primeiro destino foi a Sé, mas dessa vez era a nova. Algumas descidas e subidas depois chegamos lá suando. É difícil encontrar adjetivos para descrever tantas igrejas que visitamos (e olha que Coimbra é só o começo), essa não foi uma das mais bonitas que vimos mas posso dizer que é no mínimo imponente. Apesar do nome, a catedral não é tão nova assim, começou a ser construída em 1598 e a obra acabou um século depois. É isso que eu chamo de projeto de longo prazo. Apesar de ter linhas simples do lado de fora, a parte de dentro é em estilo barroco, cheio de painéis dourados. A entrada custa EUR 1,00.
Saindo dali fomos para a Universidade de Coimbra, a mais antiga de Portugal, fundada em 1 de março de 1290. Há vários tours que você pode fazer, nós escolhemos o das escolas que garante a entrada na Biblioteca Joanina, Igreja de S. Miguel e Palácio Real. Começamos pela Biblioteca pois o tour é guiado e com hora marcada. A biblioteca é linda, o cenário parece de filme, surreal. Os livros são tão antigos e estão tão bem conservados que nem parecem verdadeiros. A conservação dos livros é garantida pelos morcegos, que se alimentam dos insetos (como as traças). Pode ficar tranquilo, você não verá nenhum morcego a solta por lá, até porque eles não devem ficar o tempo todo na Biblioteca senão resolveriam um problema e criariam outro, imagina a sujeira. Apesar do andar principal ser o mais conhecido, a biblioteca ainda conta com outros dois andares. O segundo abriga livros especiais, que eram acessados por apenas alguns funcionários e o último serviu de cadeia universitária, você até pode entrar nas celas minúsculas.
Depois da biblioteca fomos conhecer a Capela de S. Miguel, construída no início do séc XVI. Os destaques são revestimento em azulejos tipo “tapete”, onde uma mesma peça é multiplicada diversas vezes criando um padrão colorido, e o órgão estilo barroco do séc XVIII, que ainda funciona. No altar esquerdo está a imagem de N. Sra da Luz, padroeira dos estudantes. Aposto que na época de provas ela é bem requisitada.
Saindo da igreja fomos ao Palácio Real. Aqui o ponto principal é a Sala dos Capelos, mas não deixe de apreciar a Sala Amarela e a de Armas logo na entrada e a Sala do Exame Privado. A Sala dos Capelos é onde ocorrem as principais cerimônias da Universidade, entre elas a posse do Reitor e a defesa de teses de Doutorado. A sala é tem uma decoração pesada e a cor predominante é um forte vermelho. Nas paredes estão retratos dos reis de Portugal e a marcenaria e pintura datam de 1655. No final do corredor fica a Sala de Exame Privado que antigamente servia de aposentos dos reis. Era nessa sala que os alunos faziam o exame privado, que acontecia a noite e era oral. Quando visitamos estava acontecendo uma exposição sobre a Rainha Isabel, a Santa. Falarei mais dela daqui a pouco. Se quiser, você pode comprar um tour a parte e subir na torre da Universidade, a cabra. Achei interessante o apelido que os estudantes deram pra torre. Segundo o guia Lonely Planet a torre ganhou o apelido de cabra pois quando tocavam os sinos que indicavam o fim das aulas os veteranos socavam os calouros, a não ser que conseguissem fugir aos saltos, como cabras para as montanhas.
Depois de “estudar” a Universidade chegou a hora do intervalo e fomos passear no Jardim Botânico. Ele fica ao lado dos Arcos do Aqueduto de São Sebastião. É um lugar tranquilo pra descansar um pouco. Depois fomos até a praça da República e acabamos encontrando o Jardim da Sereia, também pra descansar ou fazer um exercício se tiver tempo e disposição. Comemos uma refeição “típica” portuguesa na Pizza Hut e com energias renovadas decidimos atravessar o rio Mondego para terminar os pontos mais conhecidos da cidade.
Fomos primeiro ao mosteiro Santa Clara a Velha, a entrada custa €4,00. O mosteiro foi construído em 1238 para as freiras clarissas, mas teve grande problemas com inundações por ficar muito próximo ao rio Mondego. Sua arquitetura foi adaptada depois disso, ficando a parte inferior desativada. Hoje está em ruínas mas ainda sim pode-se notar a rica arquitetura. Em 1677 construído um novo mosteiro na parte mais alta (e põe alta nisso). O convento Santa Clara a Nova fica no alto da colina. Podemos dizer por experiência própria que chegar até lá, depois de ter caminhado bastante e embaixo de um sol de rachar, não é daquelas experiências mais agradáveis. Desconfio que a maioria dos turistas não se interesse por esse lado do rio, pois visitamos os dois lugares praticamente sozinhos. O mosteiro também é designado Convento da Rainha Santa Isabel e aqui vai a história de porque a rainha virou Santa. A rainha Isabel era uma pessoa muito bondosa e gostava de ajudar ao próximo, porém o rei desaprovava a caridade. Um dia, enquanto levava pãos escondidos aos carentes foi surpreendida pelo rei que lhe perguntou o que havia debaixo do manto. Isabel respondeu que era rosas, porém naquela época do ano não brotavam rosas. O marido então pediu que as mostrasse e por milagres ao invés de pães apareceram rosas. Desde aí Isabel foi considerada Santa e beatificada pelo Papa Leão X em 1516. O convento que hoje tem seu nome pode ser visitado por € 2,00. Ao entrar na igreja a sensação é que se está retornando ao período medieval. Na entrada da nave fica uma varanda ladeada por bandeiras e parece que a qualquer momento o Rei e a Rainha vão aparecer por ali e se sentar em seus tronos.
Pra fechar o dia com mais um pouco de história, conhecemos a Quinta das Lágrimas. O lugar hoje fica dentro de um hotel de luxo e a entrada custa € 2,50. Depois de conhecer a história de Pedro e Inês de Castro (leia aqui) tive que conferir com meus próprios olhos a tal fonte onde Inês foi morta e seu sangue derramado. E não é que tem uma mancha vermelha na fonte mesmo? É claro que biólogos facilmente identificariam a alga que vive ali (ou outra planta, se não for uma alga), mas a lenda da morte de Inês com certeza atrai muito mais pessoas que umas simples algas vermelhas.
Se você quer economizar no transporte ao chegar e sair do aeroporto JFK em Nova…
Esse é um post de dica bem rapidinho, mas necessário para que você não seja…
Era uma vez uma menina - não tão menina assim: eu - que decidiu viajar…
Ainda estamos vivendo um momento complicado devido a pandemia de coronavírus que não quer nos…
Desde que eu eu comecei a ler o livro Inferno do Dan Brown a vontade…
Alugar carro na Itália ou não? Essa é uma dúvida cruel né? Ao mesmo tempo que…
Veja os comentários
Maravilhosa descrição. A riquezas de detalhes com que descreve os lugares é impressionante. Parabéns.