O que fazer em Cusco no Peru
Antes de viajar para o Peru eu pensei em vários possíveis roteiros, mas pelo tempo que a gente tinha disponível (10 dias) achei melhor concentrar a viagem em Cusco. Não que os outros lugares não sejam interessantes, pelo contrário. Percebi que o Peru é um destino com muitas possibilidades, mas nesse post eu quero te contar especificamente o que fazer em Cusco.
Chegando em Cusco
A nossa viagem até lá teve escalas, saindo de Curitiba a gente parou em Brasília primeiro, depois voamos até Lima e por fim pegamos um avião para Cusco. Nem reclamamos de ter que acordar de madrugada – nosso voo era 05h40 – já que o motivo eram as férias e não trabalho.
Se tiver a oportunidade de sentar a janela (não escolhendo um lugar bem na asa do avião, como eu) terá a chance de ver de cima uma parte da cordilheira, que eu não tenho certeza se é a dos Andes ou a Vilcanota. Vista bonita, independente do nome. Se o seu voo estiver chegando de Lima o avião fará uma manobra que na minha visão foi radical e inesperada. Vai contornar uma montanha logo chegando em Cusco, aquela que você já deve ter visto foto onde está escrito: Viva el Perú. Foi bem diferente dos voos que eu já fiz até agora.
O aeroporto de Cusco é bem pequeno e eu não encontrei local para trocar dinheiro lá dentro, mas confesso que também não procurei muito. Saindo da área restrita nós logo buscamos um taxi que custou 40 soles. Nós pagamos o equivalente em dólares, foi 12 dólares. Já adianto que acredito que a gente poderia ter pago mais barato se tivesse feito uma pesquisa com outros taxistas porque na volta do hotel para o aeroporto o valor foi de 15 soles.
Ok, agora que eu já contei um pouco dessa chegada vamos ao que interessa.
O que fazer em Cusco – Aclimatação
A primeira coisa que você precisa fazer na cidade é pegar leve. Cusco está a aproximadamente 3400 metros acima do nível e do mar. Como no Brasil a cidade mais alta que nós temos é Campos do Jordão, que fica a 1628 metros acima do nível do mar, a diferença de altitude é enorme e o bicho pega mesmo.
Se você não for devagar e se acostumar com o ar mais rarefeito poderá sofre o mal da altitude, também chamado de soroche. Nós sentimos os efeitos da altitude assim que tivemos que subir as escadas até nosso quarto, que ficava no terceiro andar. Mas não foi só isso. Chegamos a tarde e fomos dar uma volta na Plaza de Armas e descobrimos que até uma simples caminhada era diferente. Mesmo tendo feito um chá de coca assim que chegamos, o ritmo teria que ser mais lento.
O chá de coca e mastigar a folha de coca ajudam bastante, assim como um outro chá que foi indicado para nós, o chá de muña, principalmente para lugares ainda mais altos, que deixamos para o fim da viagem.
A gente também resolveu tomar um remédio para a altitude. É só chegar na farmácia e pedir as soroche pills. Se não tiver esse eles vão te indicar algum similar, como o que compramos que se chamava Altivital e custou 47 soles.
Para nós funcionou bem. No primeiro dia estávamos com dor de cabeça, enjoo e uma sensação de pressão na cabeça, mas depois de tomar o Altivital as coisas normalizaram e não sentimos mais esses efeitos até o fim da viagem. Só um pouco de falta de ar nas trilhas e quando subimos escadas.
Plaza de Armas de Cusco
A Plaza de Armas de Cusco provavelmente vai ser ponto de referência em todos os seus dias em Cusco. Além de ser um lugar muito agradável é lá que tudo acontece. O local com vemos hoje é uma consequência da chegada dos espanhóis. Na época dos Incas a praça se chamava “Auccay Pata” – o local mais importante. Ela era muito maior do que é hoje e foi dividida em outras praças que ficam ali ao redor, chegando até a Plaza San Francisco.
Nessa praça ficam duas importantes igrejas de Cusco, a Catedral e a Igreja da Companhia de Jesus. São igrejas coloniais que tem bem o estilo europeu. Você pode visitar o interior dessas igrejas das 08h às 17h, excluindo os horários em que há missa. É cobrada entrada para as igrejas, mas eu não tenho os valores atualizados pois não entramos em nenhuma das duas. Não por falta de interesse, mas por desencontro de horários. Eu acreditava que teríamos muito tempo livre em Cusco e me surpreendi com o tanto de coisa que há pra ver na cidade.
Se tiver a chance entre nas igrejas, principalmente na Catedral. Dizem que o interior é lindíssimo e há uma imagem da Santa Ceia no mínimo curiosa. A obra é de Marcos Zapata, artista cusquenho que representou cuy assado (prato com porquinho da índa) além de Chicha no lugar do vinho, uma bebida típica a base de milho. Uma ótima representação do choque de culturas que houve com a chegada dos espanhóis.
Outra herança dos espanhóis são os prédios que ficam a redor da praça, com sua arquitetura colonial cheia de arcos e sacadas trabalhadas, hoje basicamente ocupados por lojas e restaurantes. No começo da noite a praça parece ainda mais movimentada, com os turistas chegando de todos os passeios ao redor de Cusco.
Pedra dos 12 ângulos
Talvez você já tenha percebido que os Incas tem uma arquitetura diferencias, utilizando pedras esculpidas que se encaixam uma na outra como se fossem um lego dos tempos antigos.
Em Cusco existe um belo exemplar de como eles eram bons em esculpir as pedras e montar seus muros com encaixes quase perfeitos, a pedra dos 12 ângulos. Essa pedra fica perto da Plaza de Armas, na rua Hatunrumiyoc e será fácil de encontrar já que existe uma grande aglomeração ali rem volta.
A pedra dos 12 ângulos era parte da construção do Palácio Inca Roca, onde hoje está o Palácio do Arcebispo e Museu de Arte Sacra de Cusco. Estima-se que a pedra tenha aproximadamente 6 toneladas e um rapaz que parou para conversar com a gente tentando vender algumas pinturas da cidade disse que ela tem 2,5 metros de largura (pra dentro da parede do palácio). Não pudemos comprovar essa informação pois não entramos no Palácio, mas considerando outros lugares Incas que conhecemos, não é de duvidar.
Bairro San Blas – Mirador
Seguindo na rua Hatunrumiyoc, ladeira acima, você chegará no Bairro de San Blás. No tempo dos Incas esse bairro era habitado por artesãos e parece que a tradição se mantém pois você vai encontrar algumas lojas de arte por lá.
Nossa primeira parada foi na Plazoleta de San Blás, onde fica a igreja de mesmo nome. Da parte mais alta da praça já é possível ter uma visão legal de Cusco e do letreiro Viva el Perú. Ali também ficam alguns barzinhos e lojas de artesanato.
Seguindo a esquerda pela rua Tandapata até a curva para a direita você encontrará as escadas da rua Pasñapaskana que levam até o Mirador de San Blás, de onde a vista é ainda mais bonita. A cidade de Cusco, na época do Incas, foi desenhada como um Puma e lá no Mirador você pode ver esse desenho em um mapa da cidade que mostra os rios de Cusco.
Siete Borreguitos e Aqueduto Sapantiana
Continuando o nosso trajeto do primeiro dia em Cusco, depois que a gente visitou San Blas, seguiu caminho pelas ladeiras com destino a Calle Siete Borreguitos. Eu gosto bastante de visitar as cidades a pé, porque assim a gente passa por lugares que não veria estando num carro ou no transporte público, como é o caso das enormes escadarias de San Blas e dos moradores fazendo o seu caminho diário.
Logo antes da Calle Siete Borreguitos nós encontramos Aqueduto Sapantiana, que não estava no nosso roteiro. Esse aqueduto foi construído na época dos espanhóis na cidade de Cusco e apesar de ser uma baita estrutura de engenharia não nos chamou assim tanta a atenção, já que nosso foco estava voltado para as construções Incas. Mesmo assim vale a passadinha por lá porque ouvir o barulho da água escorrendo é sempre bom.
Em contraste com a calmaria do Aqueduto Sapantiana tem o agito da Calle Siete Borreguitos, um lugar bastante disputado pelos turistas querendo uma foto com esse cenário florido. Os peruanos aproveitam toda essa fama para ganhar alguns soles com turismo, seja tirando fotos mais profissionais ou se expondo em trajes típicos junto com pequenas lhamas (ou seriam alpacas?) e posando para fotos com quem quiser, em troca de algum dinheiro.
Diz a lenda que um pastor se perdeu durante a neblina e os seus sete carneirinhos, os famosos Siete Borreguitos, conseguiram guiá-lo de volta para casa. Em homenagem aos seus animais o homem nomeou a rua em que morava. Hoje a rua é famosa pela sua bela decoração, cheia de flores. Aqui a quantidade de flores é realmente grande, mas eu achei a cidade como um todo bem decorada com vasos de plantas. Bem diferente do que a gente vê aqui pelo Brasil.
Mirador San Cristóbal
O Mirador San Cristóbal foi a nossa última parada do primeiro dia em Cusco e também não era ponto marcado do nosso roteiro. Apenas seguimos o fluxo de pessoas e da música, depois de passar por Siete Borreguitos, e acabamos descobrindo essa grande praça ao lado da igreja de San Cristóbal.
Havia um grupo tocando música peruana e dançando com turistas, a trilha sonora perfeita para observar mais uma vez a cidade de Cusco de cima. Aqui se tem um outro ângulo da cidade e da Plaza de Armas e podemos ver de frente a Igreja dos Jesuítas.
Uma coisa curiosa que nós encontramos no Peru é relacionada as cruzes que vimos por lá. Todas as que encontramos são enfeitadas. Não sei se é algo que acontece durante o ano todo ou apenas em períodos de festas religiosas. Achei bonito!
O que fazer em Cusco – Parte 2
Os lugares que descrevi até agora foram aqueles que conseguimos conhecer em apenas um dia em Cusco. A partir de agora, as outras atrações do que fazer em Cusco, foram espalhadas em outros dias da nossa viagem, já que Cusco era nossa base e fizemos alguns bate e volta para cidades vizinhas.
Além desses lugares ainda existem muitas igrejas e museus, que não foram o foco da nossa viagem, mas que com certeza é mais um dos motivos para a gente querer voltar para Cusco. Caso você tenha interesse em conhecer o interior das igrejas, existe um Boleto para o Circuito Religioso, que pode ser vantajoso se você quiser entrar em mais de um lugar. O custo do boleto integral é de 30 soles (out/2024) e ele dá direito a entrar na Catedral, Templo San Cristóbal, Museu Arcebispal e Templo San Blas.
Mercado San Pedro
Um dos passeios que sempre estão na nossa lista é uma visitinha ao mercado central/municipal das cidades e em Cusco esse local é o Mercado San Pedro. Ele foi inaugurado em 1925 e a sua estrutura contou com o projeto de ninguém menos que Gustave Eiffel, o engenheiro francês que construiu a famosa Torre Eiffel.
Confesso que nem reparei na estrutura, o que chama a atenção no mercado é a variedade de produtos que você encontra por lá, que vão desde artesanato e roupas até frutas e carnes. Você encontra por lá também várias barracas de lanches e nós provamos o pão com ovo e pão com queijo frito. Barato e saboroso. Talvez os mais frescos não queiram provar depois de descobrir que não há água encanada e observar que a louça é lavada em baldes, mas nosso estômago não reclamou.
Ao lado do Mercado San Pedro fica a Estação San Pedro, onde chegamos de trem, voltando de Machu Picchu. Nos arredores também existem diversas lojas, inclusive algumas de tecido, onde compramos alguns metros de tecidos coloridos e com desenhos típicos para fazer toalha de mesa. Três metros desse tecido custou 57 soles.
Qorikancha
Se você pesquisou um pouco sobre a cultura Inca deve ter percebido que toda cidade tem um templo dedicado ao sol. Em Cusco esse templo era o Qorikancha, que eu fiquei me perguntando porque é chamado de Qori e não Intikancha, já que sol na língua quechua é Inti. Acabei descobrindo que inicialmente ele era chamado de Intikancha, mas depois do reinado do Inka Pachacútec o templo foi embelezado com ouro, passando a se chamar Qori Kancha.
Passeando pela Av do Sol você com certeza vai se deparar com um grande gramado, que fica na parte de baixo do Templo. Saiba que o seu Boleto Turístico vai te dar acesso apenas a esse gramado e a um pequeno museu que fica na parte subterrânea. Mesmo sendo pequeno eu aconselho que você entre para ficar espantado como eu com o que tem por lá.
No museu você vai encontrar algumas múmias, numa posição que não é exatamente a que nós estamos acostumados. Vai encontrar também alguns crânios e entender como eles faziam cirurgias bem complexas (pelo menos na minha visão).
Para visitar o que restou de Qorikancha, o templo propriamente dito, você precisa de um outro ingresso, que custava na época da nossa visita 20 Soles (out/2024). A parte interna de Qorikancha hoje é uma propriedade privada e por isso não está incluída no Boleto Turístico.
Muito da estrutura do Templo do Sol de Cusco foi destruído pelos espanhóis, que inclusive construíram lá um mosteiro. Mesmo assim vale a pena entrar para ficar mais um vez impressionado com a qualidade dos encaixes das pedras que os Incas faziam. Por ser um local sagrado na capital do Império Inca, as paredes são retinhas e há janelas perfeitamente alinhadas. Eu ainda farei um post específico sobre Qorikancha, pois acho que merece um pouco mais de detalhes. Por ora fica a minha indicação de visita.
Sacsayhuaman
Sacsayhuaman é mais uma das maravilhosas construções Incas. Lembra que eu falei que Cusco tinha o formato de um Puma? Aqui fica a cabeça dele. O local tinha grande importância religiosa e aqui era (e ainda é) realizado o Init Raymi, um festival dedicado ao deus Sol.
Também dizem que o local era dedicado ao deus do trovão e podemos ver que muitas das muralhas forma construídas em zigue-zague.
Sacsayhuman fica em uma colina na cidade de Cusco e você pode ir até lá a pé (se já estiver acostumado com a altitude) ou pegar um taxi, já que o local é grande e para conhecer tudo você vai ter que andar bastante. Nós fomos de taxi e do Qorikancha até lá foram 20 soles. A entrada está incluída no Boleto Turístico, mas se quiser comprar de forma separada o valor é 70 soles.
Cristo Branco
O Cristo Branco de Cusco fica na mesma colina de Sacsayhuaman, mas não chegamos a ir até lá. A estátua de Cristo foi um presente da colônia árabe palestina em Cusco e foi feita por um artista de Cusco mesmo chamado Francisco Olazo.
A estátua tem 8 metros de altura sendo a sua estrutura feita de ferro e o seu molde de barro. A entrada é grátis.
Templo da Lua
Esse talvez tenha sido o local com menos turistas que a gente visitou em Cusco e eu acabei descobrindo ele por acaso, tentando decidir como a gente subiria até Sacsayhuaman. Partindo dali até o Templo da lua de taxi nós gastamos 15 soles.
Na cultura Inca os templos dedicados a lua eram feitos em cavernas, mas infelizmente nessa não pudemos entrar. Não há muitas explicações sobre o lugar e só é possível acessar algumas partes de fora, mas como tava perto e a gente é meio curioso resolveu conferir. A entrada é grátis e você precisa andar uns 500 metros até chegar lá.
Qenqo, Puka Pukara e Tambomachay
Quem quiser dar um check em todas as ruínas do Boleto Turístico poderá visitar ainda Qenqo, Puka Pukara e Tambomachay. Desses 3 nós passamos apenas por Qenqo, pegando “carona” em uma excursão de escola. Qenqo significa labirinto e apesar de não sabermos o nome usado pelos Incas o local começou a ser chamado assim por ter diversos túneis.
Puka Pukara nós vimos de longe no trajeto até Pisac. Puka é vermelho e Pukara fortaleza. Ele era um local de defesa de Cusco e também onde a comitiva do Sapa Inca estacionava quando ele se dirigia a Tambomachay.
Já o sítio arqueológico de Tambomachay era dedicado a água e um local onde o chefe do Império poderia descansar. Ele tem aquedutos canais e cascatas e também chamado de “Banho do Inca.”
O que fazer em Cusco – Considerações finais
Nós não fizemos todos esses passeios em um único dia, seria impossível. Dedicados a cidade de Cusco nós tivemos 2 dias inteiros e algumas metades de dia, na volta de algum passeio feito pela região. Não conseguimos visitar igrejas e museus, achamos mais proveitoso andar pela cidade e conhecer atrações Incas. Mas já fica mais um motivo para poder voltar para Cusco.
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